quinta-feira, 22 de outubro de 2009

NOTICIA DA AGENCIA LUSA

Lisboa, 22 Out (Lusa)
A aposta na qualificação dos seguranças privados é a prioridade de uma associação recém-criada, que classifica a formação actual como "um nojo" e alerta que "até com pistolas de água" se pode assaltar carros blindados.
Segundo o presidente da Associação Portuguesa para a Formação e Qualificação de Segurança, António Rebelo, falta de formação, precariedade e más condições de trabalho são alguns dos principais problemas das cerca de 50 mil pessoas que trabalham na segurança privada em Portugal, um sector em que ainda falta fazer um diagnóstico real.
António Rebelo destacou, em declarações à agência Lusa, que em Portugal a formação na área da segurança "é um nojo" e constitui "o maior problema do sector"."O pessoal tem que ser tão bom como a polícia", disse à Lusa, realçando que tal não se consegue com "um dia ou dois de formação".
Nas empresas, destacou, "a rotatividade é muito grande". E acrescentou: "O pessoal está a prazo, sempre com medo de ir embora, em vez de se investir na profissionalização".
Além disso, as empresas de segurança não reconhecem os certificados de formação umas das outras e "todas querem ter formação, que lhes dá direito a fundos comunitários, mas de cursos de formação com sessenta pessoas por semana é capaz de ficar uma na empresa", afirmou, acrescentando que "quem dá os fundos comunitários não deve saber ler números".
"Esta associação, sem fins lucrativos, foi criada para apostar na formação, para haver cursos mais exigentes" e para fazer um levantamento a nível nacional dos problemas que se verificam e dos quais, segundo António Rebelo, "a direcção da PSP nem sequer faz ideia", apesar de ser a entidade responsável pela fiscalização dos cursos e da actividade da segurança privada.
A ideia é, elaborado o levantamento dos problemas, apresentá-lo à Polícia de Segurança Pública (PSP) e ao Ministério da Administração Interna, que tutela o sector.Quanto aos métodos de trabalho no transporte e entrega de valores, a "lentidão", a redução de "três para dois" nas equipas que andam nos veículos e a falta de meios de defesa tornam os seguranças alvo "dos bandidos, que têm muito tempo para ver como é que se trabalha e planear o assalto".
"Há assaltos que até são feitos por amadores. Existe um sentimento de facilitismo, de que até com uma pistola de água se assalta um carro blindado, é só esperar e observar", afirmou.Para os homens e mulheres que trabalham na segurança privada, a associação, com sede em Lisboa, quer disponibilizar serviços de psicologia clínica, assistência social e advocacia.
Referindo-se aos trabalhos mais melindrosos, António Rebelo disse que a segurança privada "é uma actividade de grande desgaste psicológico, desde logo porque não se trabalha com cacifos fechados, trabalha-se com sacos, pelos quais se é responsável, mas que podem vir com dinheiro a menos da tesouraria".
O responsável da associação referiu ainda falta de condições de trabalho, horas de trabalho excessivas e não remuneradas como traços comuns às várias áreas da segurança privada, que inclui transporte de valores, segurança pessoal, portarias, aeroportos, discotecas e recintos desportivos.
São aspectos que a associação se propõe melhorar, procurando equilibrar a qualidade no sector da segurança: "O Américo Amorim tem direito a ter seguranças tão bons como o primeiro-ministro", remata António Rebelo.
APN.Lusa/fim

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